Entrando na cratera do fascinante vulcão Ijen na Indonésia
vulcão Ijen na Indonésia
O vulcão ativo Kawah Ijen, no leste da ilha de Java, na Indonésia, atrai centenas de turistas interessados em ver um fenômeno conhecido como “Fogo Azul”. Todos os dias, de madrugada, uma chama azul de uns cinco metros de altura é expelida de dentro da cratera. Para presenciar o fenômeno é importante subir o vulcão de madrugada, já que só é possível enxergar o fogo entre 1h e 4h.
Obviamente não há iluminação e todos têm que fazer os 3 km de trekking para chegar ao topo, com lanterna em mãos. Ao final, uma placa adverte: “visitantes estão proibidos de descer na cratera – Perigo”. Fica claro que o órgão que controla a área se isenta de qualquer responsabilidade daqui em diante e a decisão é sua. Nós resolvemos seguir e depois de mais 1 hora descendo, estávamos dentro da cratera. O cheiro de enxofre e a toxicidade dos gases constantemente eliminados pelo vulcão desnorteiam e os visitantes são aconselhados a utilizarem uma máscara respiratória.
Quando o sol nasce, é possível observar a beleza do vulcão: pedras enormes e de diferentes cores, marcas do caminho da lava em algumas formações, um lago de ácido sulfúrico de cor azul turquesa (aliás, esse é o lago mais ácido do mundo e capaz de destruir um carro inteiro em poucos minutos). O cenário é extasiante.
No entanto, não foi a incomparável beleza de Ijen que mais nos chamou atenção, mas sim a árdua função de 300 mineiros que trabalham ali coletando enxofre. Esses homens sobem e descem o vulcão 2 vezes por dia, com mais ou menos 80kg de enxofre sendo carregados em seus ombros a cada trajeto.
Cada quilo de enxofre é vendido por 1000 rupias (R$ 0,30). Uma atividade muito mal remunerada considerando os altos riscos ao qual os trabalhadores estão expostos, mas bem acima do salário mínimo indonésio, de mais ou menos R$ 400.
O ambiente é extremamente tóxico e as enormes nuvens de fumaça não param nunca. A maioria dos homens não utiliza máscaras e você escuta a incessante tosse e gemido de alguns quando a nuvem toma conta de seus corpos.
O enxofre em formato gasoso desce por tubos de cerâmica construídos no local e se transforma em líquido. Rapidamente o enxofre condensa e os mineiros começam a difícil atividade de quebrar o material, colocar na cesta, equilibrar tudo no ombro, subir até o topo da cratera, colocar o enxofre dentro de um carrinho de duas rodas e descer os 3 km de estrada de terra.
Muitos trabalham sete dias por semana, 30 dias no mês, para trazer ao resto do mundo o enxofre, que é utilizado para fazer cosméticos, remédios, fertilizante, pólvora, clarear açúcar, entre outras coisas.
Como chegar em Ijen
A maioria das pessoas opta por chegar em qualquer uma das cidades próximas de Ijen (Banyuangi por exemplo) e reservar um tour através de uma agência de viagens. Um pacote pode custar até 350 mil rupias (R$ 70) com a entrada do parque inclusa. O carro vem te buscar no hotel mais ou menos a meia noite e um guia te acompanha no trekking pela montanha. Quando você termina, o carro está lá, esperando para te levar de volta ao hotel.
Agora, se você não é fã dos tours guiados, tem uma maneira muito mais divertida e barata de chegar ao vulcão: alugue uma motocicleta (R$ 9/dia) e vá por conta própria. Poucos viajantes sabem, mas é possível acampar no pé da montanha de graça. O lugar estará cheio de locais fazendo fogueira e esperando o horário para começar a subir a montanha. Todos são muito simpáticos e você com certeza passará uma noite gostosa com novos amigos.
A entrada para a montanha custa 100,000 rupias para estrangeiros (cerca de R$ 30).
Por Fernanda Kiehl e Tiago Ferraro, do blog Monday Feelings
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