Pão De Açúcar
Pão De Açúcar
A emoção do passeio ao Pão de Açúcar começa bem antes de se chegar ao topo do morro, a 400 metros acima do nível do mar. A aventura tem início com a viagem de bondinho, um teleférico envidraçado que apresenta detalhes e ângulos únicos da perfeita geografia carioca.
História e Curiosidades
Em 1912, a inauguração de um caminho aéreo no Rio de Janeiro incluía no mapa turístico do Brasil empreendimento que se tornaria mundialmente famoso BONDINHO DO PÃO DE AÇÚCAR. Hoje, a visão dos bondinhos, no seu constante vaivém, está incorporada à paisagem carioca.
Construído, operado e mantido pela Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, o complexo turístico Pão de Açúcar foi criado para o divertimento de milhares de pessoas num local privilegiado pela beleza panorâmica.
Marca registrada da cidade do Rio de Janeiro, o morro do Pão de Açúcar é uma montanha despida de vegetação em sua quase totalidade. É um bloco único de uma rocha proveniente do granito, que sofreu alteração por pressão e temperatura e possui idade superior a 600 milhões de anos.
O Pão de Açúcar é circundado por uma vegetação característica do clima tropical, especificamente um resquício de Mata Atlântica com espécies nativas que em outros pontos da vegetação litorânea brasileira já foram extintas.
Lendas
Como todo monumento antigo, o Pão de Açúcar também tem suas histórias lendárias.
Uma figura com 200 metros de extensão, que se pode observar na montanha do Pão de Açúcar , é a silhueta de um ancião chamado Guardião da Pedra.
Segundo uma versão lendária, esta figura seria São Pedro abraçando a pedra do Pão de Açúcar, que representaria a Igreja. Acima de sua cabeça pode-se observar um solidéu – barrete privativo dos bispos – e Pedro foi considerado o bispo dos bispos. A imagem também ostenta uma longa veste talar usada habitualmente pelos sacerdotes hierárquicos e São Pedro foi o primeiro chefe da Igreja de Cristo.
Às 11 horas podemos avistar uma sombra na cavidade da pedra, com cerca de 120 m de altura, formando a silhueta de um pássaro pernalta, chamado Íbis do Pão de Açúcar. Na mitologia egípcia há uma imagem da humanidade como um gigante deitado tendo aos pés, acorrentada, a Íbis, o pássaro sagrado do Egito.
Como o relevo carioca visto do oceano apresenta a silhueta montanhosa de um gigante deitado – onde o queixo é a Pedra da Gávea, o tronco é o Maciço da Tijuca e o pé é o Pão de Açúcar – nasceu a versão de que egípcios teriam estado no Rio de Janeiro muito antes do nascimento de Cristo e se inspirado no gigante deitado das montanhas cariocas para conceber a sua imagem mitológica. Nesse caso, teriam sido os antigos egípcios os primeiros turistas vindos ao Brasil.
Marco da cidade
O Pão de Açúcar, por sua forma de ogiva, pela localização privilegiada, pela presença na história da cidade, pelo original acesso ao seu cume, é um marco natural, histórico e turístico da cidade do Rio de Janeiro.
Marco natural, porque o pico do Pão de Açúcar está na entrada da Baía de Guanabara, sendo referência visual para os navegadores que, do mar ou do ar, o procuram por estar localizado na periferia da cidade.
Marco histórico, porque aos seus pés, Estácio de Sá, em 1º de março de 1565, fundou a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Estácio de Sá chegou ao Rio de Janeiro em 28 de fevereiro de 1565 e no dia 1º de março lançou os
fundamentos da cidade, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, por ser local de mais fácil defesa. O local permitia, não só a observação de qualquer movimento de entrada e saída de embarcações da baía, como facultava a visão interna de todos os possíveis invasores.
Marco turístico, porque a inauguração do teleférico do Pão de Açúcar em 1912 projetou o nome do Brasil no exterior. O teleférico do Pão de Açúcar foi o primeiro instalado no Brasil e o terceiro no mundo, alavancando o desenvolvimento do turismo nacional. Não é à toa que é chamado de a Jóia Turística da Cidade Maravilhosa.
Origem do nome
Há várias versões históricas a respeito da origem do nome Pão de Açúcar. Segundo o historiador Vieira Fazenda, foram os portugueses que deram esse nome, pois durante o apogeu do cultivo da cana-de-açúcar no Brasil (século XVI e XVII), após a cana ser espremida e o caldo fervido e apurado, os blocos de açúcar eram colocados em uma forma de barro cônica para transportá-lo para a Europa, que era denominada pão de açúcar. A semelhança do penhasco carioca com aquela forma de barro teria originado o nome.
O penedo teve ao correr do tempo, cronologicamente, os seguintes nomes:
“Pau-nh-açuquã” da língua Tupi, dado pelos Tamoios, os primitivos habitantes da Baía de Guanabara, significando “morro alto, isolado e pontudo”; “Pot de beurre” dado pelos franceses invasores da primeira leva; “Pão de Sucar” dado pelos primeiros colonizadores portugueses; “Pot de Sucre” dado pelos franceses invasores da segunda leva. Ortograficamente, segundo a anterior ortografia da Língua Portuguesa, “Pão de Assucar”, era com ss.
O nome Pão de Açúcar generalizou-se, a partir da segunda metade do século XIX, quando o Rio de Janeiro recebeu as missões artísticas do desenhista e pintor alemão Johann Moritz Rugendas e do artista gráfico francês Jean Baptiste Debret que, em magníficos desenhos e gravuras, exaltaram a beleza do Pão de Açúcar.
Segurança
As atuais linhas foram dotadas de dispositivo de segurança modernos, com sensores em diversos pontos da instalação. Diariamente pela manhã, antes de receber os primeiros passageiros, os bondinhos saem numa viagem de vistoria para testar se tudo está em ordem.
O percurso é todo programado e controlado por equipamento eletrônico, que faz a aceleração e desaceleração do Bondinho. Um computador indica a localização exata dos bondinhos em caso de baixa visibilidade e revela qualquer defeito que esteja ocorrendo.
O dispositivo de controle eletrônico do sistema impede que o Bondinho dê partida se ocorrer qualquer alteração em um dos seus inúmeros itens de segurança, como por exemplo: fechamento da porta, tensão das baterias da cabine, alimentação elétrica, pressão do óleo dos freios, etc.
O bondinho funciona com energia fornecida pela Light, mas há um gerador na estação motriz para uso exclusivo do bondinho. Se, mesmo com todo esse esquema de segurança, ocorrer uma situação de emergência, a equipe de transporte está preparada para transportar os passageiros para as estações de forma segura e tranquila. O sistema segue as normas nacionais e internacionais e está dentro de rigorosos padrões mundiais de segurança. O transporte a cabo é considerado por dados estatísticos como o tipo de transporte mais seguro do mundo.
Funcionamento
No Pão de Açúcar atualmente funcionam dois sistemas teleféricos independentes, classificados como de grande porte, com dois bondinhos em cada linha, circulando em vai-e-vem (jig-back). O novo sistema, instalado em 1972, aumentou a capacidade de transporte do teleférico de 115 para 1.360 passageiros por hora.
Os Bondinhos rolam ao longo de dois cabos-trilho de aço, fixos nas estações, com 50 mm de diâmetro cada, constituídos por 192 fios de aço enrolados e são tracionados por um cabo de tração de 24mm de diâmetro. O movimento é gerado na estação Motriz por um motor elétrico.
O Bondinho pode transportar até 65 passageiros em cada viagem, que sai de 20 em 20 minutos, e é o único no mundo com as faces laterais totalmente transparentes devido ao acrílico e policarbonato utilizado, “plexi glass”, de tecnologia de aviação.
A velocidade é regulável, chegando a 6 m/s no primeiro percurso – Praia Vermelha/Morro da Urca – e a 10 m/s no trajeto entre os altos do Morro da Urca e Pão de Açúcar, percorrendo-se cada estágio em apenas 3 minutos. Suas seis rodas laterais têm como função permitir uma entrada mais suave nas guias das estações.
O desenho dos bondinhos inaugurados em 1972, medindo 6,00 x 3,00 m, em forma de bolha, com estrutura em duralumínio, é exclusivo do Pão de Açúcar, idealizado pela firma italiana Nardo, e premiado no 4º Salão de Montanha em Turim, em 1971.
Segundo trecho
A mesma operação foi utilizada para o lançamento dos cabos e colocação do bondinho no segundo trecho, entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, numa extensão de 750 metros e 396 metros de altura, que entrou em funcionamento no ano seguinte, no dia 18 de janeiro de 1913, completando a ligação definitivamente até o alto do pico do Pão de Açúcar.
A terceira linha, ligando o Morro da Urca ao Morro da Babilônia não foi realizada, tendo em vista a prioridade dada ao Exército para a ocupação daquele morro.
Augusto Ramos dirigiu a Companhia de 1909 a 1934. Em 1934, passou a ser dirigida por Carlos Pinto Monteiro, industrial e banqueiro, que enfrentou múltiplos problemas durante os 28 anos de sua administração. A Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945, afetou bastante o movimento de turistas no Pão de Açúcar. Por outro lado, a manutenção e conservação das antiquadas instalações do teleférico, obrigadas a funcionamento diário durante muitos anos, era penosa e de elevado custo.
Na Intentona Comunista de 1935 na Praia Vermelha, em consequência da luta travada entre os revolucionários entrincheirados no 3º Regimento de Infantaria – localizado no sopé do Morro da Urca – e os legalistas, instalados na Avenida Pasteur, foram danificados os cabos do bondinho, o que levou à paralisação do teleférico pelo tempo necessário à importação de novos cabos da Europa.
Carlos Pinto Monteiro conseguiu erguer a Companhia e entregá-la ao seu sucessor, Cristóvão Leite de Castro, em 1962, saneada econômica e financeiramente. Cristóvão Leite de Castro foi Diretor-Presidente até 1999.
O teleférico
Augusto Ferreira Ramos, engenheiro brasileiro, nascido em 22 de agosto de 1860, participava como Coordenador Geral da Exposição Nacional de 1908, realizada na Praia Vermelha, em comemoração ao centenário da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, quando teve a idéia da construção de um caminho aéreo para o alto do Pão de Açúcar. Com o industrial Manuel Antonio Galvão e o Comendador Fridolino Cardoso conseguiu do Prefeito do Distrito Federal Serzedelo Corrêa autorização para a construção e operação do sistema teleférico, que compreenderia três linhas: uma ligando a Praia Vermelha ao alto do Morro da Urca; outra ligando os altos do Morro da Urca e Pão de Açúcar e a terceira ligando o alto do Morro da Urca ao alto do Morro da Babilônia.
A construção primeiro trecho
No dia 30 de julho de 1909 foi concedida a autorização, com duração de 30 anos, para construção da gigantesca obra, outorgada pelo Decreto Municipal no. 1260, de 29 de maio de 1909. Com um capital inicial de 360 contos de réis, Augusto Ferreira Ramos e um grupo de amigos ilustres, fundaram a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar e iniciaram em 1910 a construção do primeiro teleférico brasileiro.
Na obra trabalharam operários brasileiros e portugueses, com equipamentos e materiais importados da firma alemã J. Pohlig. Foram gastos dois milhões de contos de réis e quatro toneladas de materiais, que tiveram que ser transportados para o alto dos dois morros por centenas de operários realizando perigosas escaladas, numa ousada operação para a época.
O início do lançamento dos cabos de sustentação do bondinho foi feito por equipes especialmente treinadas. Uma primeira equipe levou à base da montanha um cabo-piloto. A segunda equipe subiu a montanha pela floresta levando uma corda. No cume, lançaram uma das pontas da corda que foi amarrada ao cabo-piloto – que já se encontrava na base da montanha – puxando-o e afixando-o no devido local. A outra extremidade do cabo-piloto foi afixada na Praia Vermelha, servindo de guia para a extensão do cabo de aço que sustenta o bondinho. Para a colocação do bondinho no cabo de aço foram usadas talhas que o içaram e o puseram no cabo de sustentação.
Este trecho inicial, entre a Praia Vermelha e o Morro da Urca, numa extensão de 528 metros e 220 metros de altura, foi inaugurado em 27 de outubro de 1912, quando subiram 577 pessoas ao Morro da Urca, ao preço de 2 mil réis pela viagem de ida e volta. O “Camarote Carril”, como era conhecido o bondinho, construído em madeira, tinha capacidade para 17 pessoas e fazia o trajeto suspenso em dois cabos-trilho , sobre os quais deslizava com oito pares de roldana. A energia era fornecida por uma máquina elétrica de 75 HP e os freios elétricos davam ao sistema completa segurança. Cada viagem durava, em média, 6 minutos, a uma velocidade de 2 m/s (nos dois trechos).
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